Cena: Bonecos de Cerâmica

quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Cena "Bonecos de Cerâmica"
Dia 22/8/2009
Grupo: Taty, Laura, Lucas e Sérgio.

TEMA: Cerâmica < Que nos levou à Porcelana < Que nos levou à algo perfeito, belo, porém frágil < Que nos levou a uma família em busca da perfeição. Levemente inspirado em "Casa de Bonecas - Ibsen".

A cena se passa na entrada de um restaurante, onde uma família aguarda por sua mesa. O filho permanece o tempo todo com um olhar vago.

Mãe (animada) - Ah, que dia ótimo.
Pai - Nada como um jantar em família em um bom restaurante.
Mãe - Com certeza, meu bem. Mas me diga: como foi o seu dia hoje?
Pai - Foi muito bom, trabalhei bastante, consegui resolver tudo o que precisava e pensei em vocês o dia todo.
Mãe - Ah, que bom meu querido. (beija-o e dirigindo-se à filha) - E seu dia, minha filhinha, como foi?
Filha (radiante) - Foi ótimo mamãe! Adivinhem: tirei dez na prova de Aritmética!
Pai - Que orgulho, filha. Você deve ser a mais inteligente de sua sala.
Mãe - Parabéns meu docinho! (abraçando-a e beijando-a) Você é realmente maravilhosa! Quando crescer será assim como sua mãe.
Filha – (com ar de quem já sabe disso) Obrigada mamãe, papai.
Filho - Mamãe, eu também tirei dez na minha prova de hoje.
Mãe - Parabéns meu querido! (beija-o) Você é inteligente como seu pai! Como tenho orgulho de vocês, meus filhos!
Pai - Meu garoto!
Mãe (um pouco impaciente) – Estão demorando hoje não é? Já são oito horas! Todos os dias jantamos às oito horas.
Pai - Calma meu bem, devem estar desocupando a nossa mesa preferida, perto daquela janela que dá vista para o canteiro de rosas. Nós sempre nos sentamos naquela mesa.
Filha - E você mamãe? Como foi seu dia?
Mãe - Foi maravilhoso. Limpei toda a casa, arrumei os livros em ordem alfabética de sobrenome de autor, e costurei meias de lã para todos!
Filha - Que bom, mamãe! Você deixou a casa brilhando!
Pai - Você é mesmo deslumbrante!
(O filho permanece com o olhar vago)
Filho – Mamãe, tem uma coisa que eu gostaria de perguntar para vocês.
Mãe – Diga meu filho.
Filho – Vocês confiam em mim?
Mãe – Claro meu filho.
Filho – E vocês acreditam na bondade e no amor. Não é?
Mãe – Mas é claro!
Filho (deslocado) – Então eu tenho uma coisa pra dizer a vocês.
Mãe - Então espere, meu querido. Espere até sentarmos e aí conversaremos com calma. Já passa das oito horas. Nós sempre jantamos às oito horas.
Filho (impaciente) - Mãe, peço licença para falar agora.
Pai - Calma filho. Vou procurar o garçon e apressá-lo.
Filha – Nós temos que comer.
Filho - Mãe, pai, eu levei um garotinho para nossa casa.
Pai - Como assim "levou um garotinho"?
Filho - Um garotinho que tava na rua.
Mãe (histérica, com nojo) - Menino de rua, meu filho? Você deve estar doente, venha cá, deixe-me ver sua temperatura.
Filho – Eu achei ele tão simpático e legal. E mãe... Ele não tem família.
Pai - Explique essa história direito.
Filha - Menino de rua? O que deu em você? Ele vai sujar a nossa casa.
Filho - Mas ele precisa de alguém. Temos tanto espaço em casa.
Mãe - Mas meu filho, pessoas de rua são sujas! Sujas! Ele encostou em você meu bem? Vem aqui, deixe-me tirar seu casaco (tira o casaco com nojo).
Pai - Filho, você não pode fazer isso.
Filho - Mas ele tava machucado e precisa de alguém, precisa de uma casa e...
Mãe (horrorizada) - Machucado? Mas era só o que faltava! Será que ele te contaminou com alguma coisa?
Filha - Eca!
Filho – Então eu peço licença para falar. Para falar que vocês não têm coração.
Mãe - Vamos para o médico fazer um check-up, para ter certeza que ele não te contaminou com nada.
Pai - Mas e nosso jantar?
Mãe - É verdade, já são 08h10. Nós sempre jantamos às oito da noite... Mas não importa! Hoje jantaremos às nove se for necessário. O importante é que cuidemos disso. Vamos meu filho.
Filho – Mãe... Esse menino precisa de ajuda!
Pai - Precisa nada! Precisa de uns trapos e de um prato de sopa doado diariamente pela igreja.
Mãe - Com licença... (começa a andar em círculos)

(De repente, a filha, a mãe e o pai começam a andar em volta do filho falando ao mesmo tempo coisas como: bom dia, boa tarde, boa noite, com licença, obrigado, por favor, de nada, pois não, por gentileza, o senhor gostaria de se sentar?, nós sempre jantamos às oito horas, o meu dia foi maravilhoso, como foi o seu dia?, parabéns, tirei dez na prova de hoje, costurei meias de lã para todos. O filho permanece no meio da roda com uma expressão catatônica repetindo: não, não...)

Fim da cena.

4 comentários:

Fábio Freitas disse...

Essa cena ficou tão boa! Adorei o desempenho de todos e o Lucas passou uma inocência tão grande! pareceu um garotinho mesmo! Bem boaaaa!
Bjs! =D

Aline de Paula disse...

Ótima cena, comovente.
bjos

Joelma Xavier disse...

Nossa eu particulamente amei a cena!!Tocou muito...
Parabéns pessoal!!

.:: Roberta Conde ::. disse...

Esta foi a cena que vcs apresentaram qdo eu não estava né? O Varlei comentou muito desta cena. Muito bom, gente! Comovente demais!
Adorei, Taty!

Postar um comentário